Fazia pouco tempo que eu estava morando com
minha avó. Sua casa era grande, antiga e de aparência misteriosa. Minha
intuição aguçada me dizia para ficar atenta. Parecia que havia surpresas
chegando!
Não gostei do meu quarto. As formas, os
volumes e cores não me agradaram, mas me deixaram um tanto curiosa. Sentia a
presença de uma melodia forte, viva e vingativa cada vez que entrava nele. A
beleza daqueles sons atravessava meus sentimentos e cortavam meu coração.
Com ar pensativo, dei uma volta e meia em
meu novo lar. Meu relógio, que é um termômetro de mistério, apertava meu pulso
cada vez que me aproximava de uma gaveta em meu quarto. Não demorei muito para
tirar o relógio e abri-la.
Encontrei uma fotografia que me deixou
chocada. Na foto vi a imagem de um trem. O que me intrigou foi o lugar onde ele
estava. Ao lado da fotografia havia uns óculos escuros. Assoprei o pó e o
coloquei. Ao olhar novamente para a foto aconteceu-me algo que nunca imaginei
que aconteceria.
Sobre os trilhos, comecei a andar a uma
velocidade incalculável. É gostoso sentir as rodas girando e é interessante a
sensação da fumaça saindo de mim. É um misto de euforia com poder.
A velocidade não era constante, variava como
uma música. As imagens que eu via, enquanto corria sobre os trilhos, possuíam
mais de um sentido, imitavam a realidade, confundiam meus pensamentos. As
pessoas mantinham uma expressão fixa no rosto e, apesar de estar ventando, as
árvores não se moviam. Era como se tudo estivesse parado. Apenas eu estava em
movimento. Continuei andando e a velocidade continuou variando, mas tudo parou
de repente. Meus óculos caíram. Bati em uma cadeira gigante que estava sobre os
trilhos.
Encontrava-me em meu quarto. Levantei a
cadeira que estava no chão e os óculos que haviam caído do meu rosto. Sentei em
minha cama. Descansei e novamente tornei a subir na cadeira para pegar o livro
que se encontrava na última prateleira. Levantei os pés, estiquei os braços com
mais força e puxei o livro. Caí. Após meio segundo, o livro caiu na minha
cabeça. Com as forças que ainda me restavam, segurei-o e li na capa “Trem do
Tempo”.
Escrito por Letícia Rocha em 2007
lembro também quando morava com minha avó, tinha 8 anos brincava em frente do prédio no loteamento I.A.P.I., quando brincava em frente a porta do apartamento, quando ficava num cantinho da cozinha ouvindo as histórias e, que adorava, que a minha querida vó contava.
ResponderExcluirLembranças incríveis quando passeamos no trem do tempo.
saudações geográficas,
Magnífico!!!!! Um grande beijo.
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