Enquanto a noite cai, eu olho
pela janela. Vejo o céu diminuindo sua luz, para substituir sua superfície por
um azul marinho de pontos brilhantes. Esse processo me faz lembrar de uma uma música
de Shumann para piano " A Noitinha". Ela faz parte do conjunto de
peças que compõe a fantasia op.12. E eu
agora pensando nessas peças, mergulho em
mundo só meu. Voo na minha própria imaginação e começo a pensar "Por que?".
"Por que não expressei os meus sentimentos?" O tempo é curto e
passamos por um caminho apenas uma vez. Pessoas passam por nossas vidas há todo
momento, mas poucas permanecem. Ficamos tão ocupados com nossos caprichos, com
nos mesmos, com nossos problemas e esquecemos que o dia vem, o dia vai, a noite
vem, a noite vai e assim vão indo os nossos queridos. As lembranças que sobram
deles são como as estrelas que agora brilham no céu: distantes, bonitas,
nebulosas. E eu agora aqui a pensar, a
contemplar de minha janela... Estou com 90 anos, percebo o
quanto coisas simples, que não nos dávamos conta na juventude, são importantes.
Uma delas: abraçar. Eu poderia dizer que
esse gesto é como o sol, aquece, é essencial para a vida, traz o conforto e o
renovo depois da noite. Durmo e sonho com o sol que nascerá amanhã.
Escrito por Letícia Rocha em 2011.
Lindo texto, Letícia :) e me emocionei com o piano tb :D
ResponderExcluirbeijos