quarta-feira, 28 de março de 2012

A Perda dos Sentidos



   

   Estou a observar a paisagem. Vejo um mundo muito variado. As variações, porém, possuem tons comuns. Do mesmo modo que uma pintura abstrata ou uma sinfonia.
   O mundo pode ser interpretado de diversas formas. O mundo pode ser ouvido de incontáveis maneiras. Cada ser humano foca-se onde se sente mais atraído. As melodias da vida atraem as pessoas. Elas movimentam-se acompanhando o ritmo das notas musicais pelo qual estão sendo atraídas. Algumas estão surdas.
   Quando a sensibilidade musical da vida é perdida, o ser mergulha em profundo silêncio. O interior torna-se infrutífero. A água evapora. A harmonia esgota-se. Uma corrente sombria penetra no ser. Ele fica preso. O movimento termina.
   Isso acontece lentamente. Primeiro os olhos deixam de apreciar a beleza da vida. O indivíduo ou fica cego ou passa a enxergar um mundo distorcido. Tudo perde as cores. O tato também é prejudicado. O ser não sente mais o exterior. O olfato e o paladar desligam-se. A vida perde o gosto. Finalmente perde a melodia.
   O amor é a força capaz de devolver os sentidos. Como uma chuva, ele faz com que a harmonia interna reviva. Um ser humano melodioso tem capacidade de conduzir através do amor o outro de volta à vida. Esses seres precisam estar atentos à sua volta; O mundo está morrendo.

                                                                                                                                                                                Letícia Rocha


(texto escrito em 2007)

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