Uma manhã quente de verão, ventiladores ligados a todo vapor, alunos inquietos devido ao calor em uma aula de matemática. Meninas rindo no fundo da sala, meninos cochichando do outro lado e o professor apagando o quadro para explicar a matéria nova.
- Pessoal, vamos prestar atenção agora- disse o mestre- Vocês vão aprender já, já uma fórmula nova. - disse por fim. Era um senhor com um pouco mais de cinqüenta anos, usava óculos, era calmo, concentrado e seus cabelos ainda eram pretos apesar da idade.
Marina perdia-se em pensamentos. "Como pude esquecer a senha do cadeado?", pensava. "Como escreverei no meu diário?" Não queria perder o cadeado tendo que arrebentá-lo, pois fora um presente especial de sua avó. Lembrava que no dia em que ela o entregou olhou bem em seus olhos e disse " Cuide bem dele, querida. Saberá por que." Em seguida, saiu misteriosamente sem dizer mais nada, deixando a neta intrigada.
- Bem, estão todos olhando para cá?- perguntou o professor e continuou. - A seguinte fórmula que acabo de colocar no quadro se chama Baskhara. Como vocês podem observar serve para resolver equações de segundo grau.
Marina observou. O professor prosseguiu a explicação:
- Estão vendo? Aqui onde fica a raiz é o delta. - Em seguida desenhou a forma de um triangulo no quadro, o delta.
A menina achou estranho o modo como seu mestre desenhava a figura. Diferente do jeito que a maioria das pessoas desenha. Ele desenhava primeiro o lado esquerdo, depois a base e por último, o lado direito. A maioria das pessoas desenha a base por último. E ao pensar nisso achou graça e teve um sobressalto. "224" era a senha do cadeado! Eram os mesmos números que estavam na fórmula de Bhaskara e no exato sentido em que o professor desenhou o triângulo. "Seria apenas coincidência?", pensou.
O sinal tocou e Marina queria chegar em casa logo, pois estava morrendo de fome. “O que será que minha mãe fez hoje de almoço?", imaginava no caminho. Que bom que sua casa era há poucas quadras dali e ela ia a pé.
Quando chegou, porém, não encontrou sua mãe em casa preparando a comida como de costume. Na verdade, não viu sua mãe, nem ninguém. “Que estranho", e começou a ficar preocupada, pois nem um sinal de aviso ou bilhete. Foi até seu quarto para telefonar para o celular de sua mãe, mas interrompeu a ligação assustada antes mesmo de acabar de discar. "Será que alguém leu meu diário?" Estava ali o cadeado aberto. Seu diário no chão. "Quem descobriu a senha?" Pegou o cadeado e viu uma marca que não estava antes ali: "B". Estava grifada a segunda letra do alfabeto em maiúsculo. Mariana deu um grito e ficou a balbuciar:
- B..., ba..., Bhaskara!
Leticia Rocha
Oi Letícia, gostei, bem criativo.
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