Ficou paralisada por alguns instantes após o choque. Sua aliança de ouro havia encostado na tomada. A aliança que ela havia feito com a vida.
A corrente elétrica penetrou em seu sangue revelando todos os segredos da vida. Ouvia cada um enquanto sentia seu coração palpitar. O mundo e a eletricidade eram sinônimos. Os seres humanos correspondem aos elétrons.
Estava compreendendo palavras sem tradução. Estava entendendo a simetria do universo. Tudo não passava de reflexos. Os oceanos escondem os mistérios das galáxias. Os seres humanos buscam respostas externas e esquecem-se de buscar em si mesmos.
A palavra conjunto parece reger tudo. Tudo é um conjunto de átomos. Tudo se separa em conjuntos que se encontram entrelaçados. Começando pelas células de seu corpo, com a cadeia alimentar e com as próprias leis do universo.
Estava vendo partículas minúsculas aumentadas infinitas vezes mais. Concluiu que ela própria estava debaixo de um microscópio. Concluiu que ela estava diante de uma origem e um fim. Tudo obedece as leis dessa origem. Essa é sinônimo de equilíbrio. Pode ser representada pelo número zero. Funciona como um espelho infinito. Funciona da mesma forma que seu cérebro para seu corpo. É o exterior e o interior ao mesmo tempo, ambos são opostos, se atraem, são reflexos e se expandem.
Segurou a aliança em suas mãos. Com um movimento decidido a prendeu em seu coração e deixou-se ser transportada. Transportada pela corrente que corre por suas veias. Transportada pela corrente que rege o universo.
Leticia Rocha
Leticia Rocha
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