domingo, 15 de julho de 2018

Crítica à teoria genealógica de Nietzsche

Nietzsche defende a ideia da luta do bem contra o mal e que dentro de cada indivíduo acontece essa guerra. A partir disso, ele cria a ideia de moral do senhor e de moral do escravo. A teoria genealógica de Nietzsche está relacionada com a origem dos valores.
O filósofo diz que todo o ser humano tem sede de poder. Alguns rendem-se a essa sede e outros a negam. Os que a alimentam encaixam-se na moral do senhor e os que a evitam encaixam-se na moral do escravo.
A partir disso, é possível fazer uma reflexão: quem é bom? Acredito na ideia de que o ser humano é "redondo" e não "plano". Isto é, a mesma pessoa que é um carrasco e trapaceiro no trabalho pode ser um pai amoroso e atencioso capaz de dar a vida por sua família. Eu me pergunto: ele é bom ou é mau? O que é ser mau realmente?
Nietzsche acredita que a única vida que temos é essa. Não existe nada além. Ele tem o pensamento de que não há alma sem corpo e de que a alma acaba muito antes do corpo. Nietzsche vai contra a ideia platônico-cristã de que a vontade de domínio constitui o princípio de todos os males da vida.
Então, fico a questionar-me " Será a moral do senhor melhor que a moral do escravo?" Penso que, para Platão e os cristãos, a moral do escravo é a moral pura, ideal, pois faz com que o ser humano negue o orgulho e o desejo de ser poderoso para se tornar servil e, talvez, "bom". No entanto, para Nietzsche a vida é finita e única. Ao contrário do cristianismo, que prega um ser humano servil ao próximo e a Deus. Para os cristãos essa é a moral: moral do escravo. É necessário negar o poder terreno para receber uma recompensa celestial.
Porém, para Nietzsche esse é o essencial da vida: vontade de poder. Fico a questionar-me sobre os benefícios de agir sobre esse impulso e os malefícios.
A conclusão que eu chego é dupla. Primeiro, a vontade de poder me leva a crescer. Por que estudar e trabalhar? Seria somente pelo sustento, pela dignidade? Será que se analisarmos profundamente não há outros interesses? Há sim. Seria hipocrisia dizer que não. A maioria ou, quem sabe, todo ser humano deseja ser reconhecido e bem visto. Deseja prestígio. Não há quem queira ser desrespeitado, mal-visto ou ignorado. Então, o ser humano esforça-se para obter crescimento e um lugar de destaque na sociedade. É a moral do senhor, que, aos meus olhos, tem resultados positivos na vida do indivíduo, pois o leva a sair de sua zona de conforto e, mesmo que essa não seja a intenção principal, traz um crescimento para a sociedade através do estudo e do trabalho. Por outro lado, o desejo de poder leva o ser humano a atitudes terríveis como: desonestidade, corrupção e crueldade contra o seu semelhante.
Fico a perguntar-me "O que é ser bom e o que é ser mau?" Chego à conclusão de que o que não quero para mim não devo fazer para outra pessoa. Indo um pouco mais além, o que eu desejo que façam para mim devo fazer para o outro se eu tiver condições de fazer. " Ser mau" é agir ao contrário disso.
Defendo que temos duas naturezas dentro de nós e, por isso, concordo com Nietzsche de que existe a moral de senhor e a moral de escravo. Penso que oscilamos em nossas atitudes de maldade e de bondade. Porém, tenho dificuldade de concordar com o filósofo de que a única vida que temos é essa aqui. Vejo o mundo com um propósito e um sentido. Não acredito que o ser humano nasce e, diante dele, o mundo apresenta-se com tantos obstáculos para, em seguida ,ele morrer, ser enterrado e, em alguns anos, nunca mais ser lembrado. Vejo um mundo lógico, mas a ideia de vida finita e eternidade inexistente é ilógica. Por que motivo, então, devemos optar por ter atitudes de amor e não de ódio? Quem escolhe que em si predomine o amor terá o mesmo fim daquele que optou por predominar as atitudes de ódio?

Letícia Rocha Bilhalva

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