Sinto falta dele. Nos conhecemos em um verão de março nas férias. Iríamos casar, mas passei em um concurso em outro estado. Minha mãe me ensinou a colocar a carreira acima do amor. Hoje vejo que se eu pudesse voltar atrás estaria mais feliz.
Sou psiquiatra. Conheci João em Porto Alegre onde nascemos.
- Te amo eternamente.
- Eu te amo infinitamente.
Nos abraçávamos e olhavámos o pôr do Sol achando que todos os dias seria assim. Imaginávamos o nosso futuro:
- Quero ter um menino e uma menina, João.
- Eu serei o melhor marido e pai desse mundo. Eu te farei a mulher mais feliz do Universo.
Só que, temporariamente, passei para este concurso e esperava por uma transferência para o Rio Grande do Sul para ficar com João, mas aconteceu uma crise política que separou o restante do Brasil do RS. João me ligou:
- Marta, e agora? Foi aprovado. Separaram mesmo. Eu estou no meu emprego de dentista aqui e você aí. Nem um de nós conseguirá se transferir. Inclusive os nossos diplomas pela lei são anulados se mudamos de país. Não temos como exercer a profissão. O que faremos? Quero ficar contigo!
- Não sei. Mas eu também quero você!
Desligamos o telefone. Chorei no meu consultório e percebi que eu sendo psiquiatra não conseguia ajudar a mim mesma. Vi que uma carreira bem sucedida não me trazia a felicidade que João me trazia.
Então.... Visto o meu casaco e vou ao aeroporto. Desmarco as consultas com os meus pacientes. Resolvo apagar da minha mente os conselhos de minha mãe. Vou atrás de uma nova vida ao lado dele.
Letícia Rocha
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