quarta-feira, 19 de julho de 2017

A Decisão

   Sinto falta dele. Nos conhecemos em um verão de março nas férias. Iríamos casar, mas passei em um concurso em outro estado. Minha mãe me ensinou a colocar a carreira acima do amor. Hoje vejo que se eu pudesse voltar atrás estaria mais feliz.
    Sou psiquiatra. Conheci João em Porto Alegre onde nascemos.
    - Te amo eternamente.
    - Eu te amo infinitamente.
    Nos abraçávamos e olhavámos o pôr do Sol achando que todos os dias seria assim. Imaginávamos o nosso futuro:
     - Quero ter um menino e uma menina, João.
    - Eu serei o melhor marido e pai desse mundo. Eu te farei a mulher mais feliz do Universo.
     Só que, temporariamente, passei para este concurso e esperava por uma transferência para o Rio Grande do Sul para ficar com João, mas aconteceu uma crise política que separou o restante do Brasil do RS. João me ligou:
      - Marta, e agora? Foi aprovado. Separaram mesmo. Eu estou no meu emprego de dentista aqui e você aí. Nem um de nós conseguirá se transferir. Inclusive os nossos diplomas pela lei são anulados se mudamos de país. Não temos como exercer a profissão. O que faremos? Quero ficar contigo!
     - Não sei. Mas eu também quero você!
     Desligamos o telefone. Chorei no meu consultório e percebi que eu sendo psiquiatra não conseguia ajudar a mim mesma. Vi que uma carreira bem sucedida não me trazia a felicidade que João me trazia.
     Então.... Visto o meu casaco e vou ao aeroporto. Desmarco as consultas com os meus pacientes. Resolvo apagar da minha mente os conselhos de minha mãe. Vou atrás de uma nova vida ao lado dele.

Letícia Rocha

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Sobre a sabedoria

" A sabedoria é árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm."

Provérbios 3.
v.18

    Quanto à postagem anterior relacionada ao guardar o coração, é possível fazer uma associação com esse versículo.
    Já que, se o nosso coração é um jardim, nesse provérbio há a metáfora "árvore de vida". Você gostaria que dentro de sua alma houvesse um paraíso, com uma "árvore de vida"? Então, a sabedoria seria a semente dessa árvore. Guardar o coração de maus sentimentos é um ato sábio. Retomando que a nossa essência deve ser purificada e esse é o sentido de guardar o coração: entrar em um combate contra tristeza, descontrole, ansiedade, ódio, maldade.
    O resultado séra a vida brotando dentro de nós mesmos.

Abraço,

Letícia

Sobre guardar o coração

"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida."

Provérbios capítulo 4. v.23

   



    Fico a me perguntar o que seria "guardar o coração". Percebemos que, quando ficamos tristes ou com raiva, com ressentimento ou qualquer outro sentimento negativo, imediatamente, sentimos um peso dentro de nós mesmos.
    Então, o coração seria a nossa essência: o que realmente somos. Segundo esse versículo, precisamos preservá-la, regá-la de bons sentimentos, pois é o jardim da nossa alma. Não somos esse corpo; ele é apenas a forma de ligar a nossa alma ao mundo material.
    Em seguida, está escrito a justificativa para mantermos o nosso coração guardado: porque dele procedem as fontes da vida. A água simboliza o crescimento, pois quando cuidamos de um jardim, as flores brotam, as sementes deixam de ser apenas sementes. Então, é dentro do coração, dentro da nossa essência que o crescimento da alma é gerado. E como acontece esse processo? Através da preservação, do combate aos sentimentos maus e que são o oposto de: amor, alegria, paz, bondade, domínio próprio.

Um abraço a todos,

Letícia

Café entre amigos




- Saramago, eu fiquei feliz que você aceitou tomar um café comigo.
- Claro, como eu não iria aceitar o convite de uma moça tão bonita?!
- Como? Eu tenho um noivo e ele pode ficar com ciúmes, mas obrigada pelo elogio!
- Estou brincando, hehe. Você leu minhas obras, então, não é? Me conte de qual gostou mais.
- Gostei de "História sobre o Cerco de Lisboa". Quer autografar para mim?
- Sim, que prazer! Vejamos....
- Obrigada!
- O que te chamou a atenção nessa minha obra?
-Bem, Saramago, eu gostei da personalidade de Raimundo. Gosto desse tipo de homem: reservado, misterioso, tímido...
- Teu noivo é assim?
- É...
- Pena que eu não sou assim...
- Senhor!
- Estou brincando!
- Saramago...
- Diga...
- Por que você é ateu?
- Gosto de ter autonomia. Não me sinto bem com a ideia de um deus ditador, perfeito e todo- poderoso!
- Mas quem você acha que nos criou?
- Não preciso dessa resposta para viver. Há certas coisas que é melhor ignorar.
- Entendo...
-Você acredita?
-No que?
- Em deus...
- Eu considero Deus o meu pai.
-Como é isso para você?
-Gosto que Deus seja meu amigo. Gosto de pensar que ele sorri para mim.
-Mas esse deus você nem viu. Como ele pode estar sorrindo para você?
- Quando estou em paz comigo mesma, sei que ele está sorrindo. Não preciso enxergá-lo para senti-lo e desejá-lo.
- Fiquei com vontade de saber mais. Como faço?
- Leia a Bíblia.
- Mas eu já li muitas vezes. Você sabe de minhas obras literárias de conteúdo relacionado a esse livro.
- Saramago, você deve orar antes de lê-la!
- Não sei orar, mas acho que um dia posso aprender.
- É só abrir o coração!

Letícia Rocha