sábado, 11 de dezembro de 2010

Uma Busca, Uma Descoberta







                              
 
 
    Sozinha a caminhar, vou pensando. Ninguém ao meu redor. Lá adiante, vejo um rio, cujas águas deslizam suavemente sobre as pedras. Estou dentro de mim. Não ouço nenhum som além do som das águas. Tudo está em paz.
   Não tenho certeza de para onde estou indo. Há muitos labirintos, há árvores, tudo está iluminado pelo sol, com exceção das sombras que as árvores causam. Sento em uma pedra e começo a escrever na terra. Estou em busca do meu coração. “Onde estará?”, eu escrevo.
   Adormeço e acordo ao anoitecer. De repente o rio que eu via, já não é mais um rio, é um mar. Tudo está escuro, há apenas a luz do luar. Os sons que eu ouço são dos grilos e das ondas, que de uma forma assustadora, estão violentas. Por isso, sigo a direção contrária a do mar. “ E meu coração, onde estará?”, preciso encontrá-lo, somente assim, serei completa.
   Não canso de procurar. Enquanto caminho, percebo que quanto mais me distancio, mais a temperatura cai, de tal maneira que sou obrigada a recuar, pois não há como suportar. De súbito, interpreto essa queda como um sinal de que estou na direção errada. Talvez o caminho para o meu coração seja na direção do mar, portanto me dirijo para lá. Mas como atravessarei as ondas? Eu choro, pois não há nada que eu possa fazer, não há barco que atravesse, o dia não amanhece.
   Se eu enfrentar o mar, morrerei; se eu não for completa, não viverei. Então, sem esperanças, mais uma vez, eu olho para as ondas. E sem entender, vejo alguém, que surgiu em pé sobre as águas. Uma voz me diz: “ Não temas, apenas venha até mim”. Eu obedeço com um certo medo e ando sobre as águas. O medo vai embora, continuo olhando para ele. Quando o alcanço, o dia amanhece. Ele me abraça e voltamos para a terra, já do outro lado do mar.      Eu pergunto:
-         Quem é você?
Ele responde com outra pergunta:
-         O que buscas?
-         Meu coração.
-         Por quê?
-         Estou vazia- digo eu tristemente.
-         Afaste essas pedras- ele disse apontando para as pedras que estavam ao nosso lado. E eu encontro meu coração, tudo que eu queria.
-         Como posso agradecer-te?- eu pergunto quase sem acreditar no que havia encontrado.
-         Tudo que quero é o teu coração.
Eu choro.
-         Por que choras?
-         Se eu perdê-lo, jamais serei completa- Mas então, sou invadida por uma doce sensação, que me dizia para entregar meu coração. Foi o que fiz.
-         Serás completa para sempre- ele sorri e desaparece.
Fiquei muito tempo parada pensando no que aconteceu. Uma onda de alegria invadiu meu ser a partir daquele momento. Descobri que ele era Deus.

Letícia Rocha

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